segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O QUE É QUE A BAHIA TEM




Tenho obrigação, como técnica, como artista e como gente, de dar meu testemunho sobre por que é que a Bahia é tudo isso e muito mais.
As pessoas acham que o sol e o céu de lá tem mais azul e dourado do que aqui, que os artistas e as pessoas são mais alegres, que a música ajuda, a tradição, a religião, a história, pois a Bahia é abençoada por Deus.
Claro que é, e que o Criador cada vez mais abençoe o  Brasil com talentos baianos. Com  certeza!
Só que há um investimento e um direcionamento turístico e técnico de eventos e de valorização da música e artistas locais, com o cuidado de exportar estes valores.
Lembram dos apartamentos do governo baiano no RJ fazendo e levando artistas para a capital nacional da cultura e da música, para serem nacionalmente conhecidos, apoiados por ACM¿
Daniela Mercury é um exemplo desta aposta nacional.
Claro, e vão dizer isso, mas a Bahia tem Baby do Brasil, Pepeu, Caetano, Gil e Gal além de Bethânia. Tem sim. Tem Ivete Sangalo e  Margareth Menezes, claro que tem.Mas tem o investimento, a valorização e o incentivo para música, sem o que nada vinga.
Tanto que nossos talentos aqui  do sul, tem de sair da terra pois  temos pouco e cada vez menos incentivo, e não se acredita ainda em algo que a Bahia e RJ já descobriram há horas. As divisas que vem associadas aos eventos,  à valorização da música e dos talentos da cultura e arte locais.
E aqui um parêntese. Por que será que já temos 3 kids classificados no The Voice Kids¿  Por que os CTG’s, e aí eu ‘bato cabeça para o Movimento Tradicionalista gaúcho’ que eu tantas vezes critiquei como machista e sei lá o que mais trabalham a música e o canto desde cedo nas suas diversas atividades.
Praticamente todos os valores que estão explodindo no TV Kids tem a ver com Enart e CTGs. Então, está provado a tese que me fez escrever hoje:incentivo dá retorno sim!
Voltando a Salvador, fiz um projeto com eles em 98, pelo SICOMRS, o ‘RS Música na Bahia’. Viajei para lá com Pimentel, meu mestre e companheiro, e propusemos o intercâmbio com a Bahiatursa, que tinha o gaúcho Zart no comando, para levar daqui 10 artistas e mais uma produtora para ‘intercambiar’ cultura na festa Nacional d a Música daquele ano, em Salvador.
Eles aprovaram na hora! O governo de lá deu estadia e alimentação e deslocamentos e apoio em tudo, durante mais de 15 dias.
O governo daqui, graças à força do Gilmar Eitelvein, na época coordenador de música da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre deu as passagens de ida e volta dos artistas.
Levamos, além de  Airton Pimentel e  eu, Gilberto Monteiro, Jorge Guedes, Cláudio Levitan,  Galileu Arruda e Antônio Villeroy, além da produtora Ana Lombardi.
Experiência incrível e lições de: amor, cuidado com visitantes, apoio e cultura em todos os contatos. Tínhamos atividades todos os dias e os produtores nos disputavam para nos levar para todos os eventos e lugares de cultura, com apoio total do governo do estado da Bahia e de Salvador e da já citada e amada Bahiatursa.
Outra coisa que corrobora o que eu estou afirmando, Cheguei no hotel 4 estrelas, com piscina, destinado aos gaúchos no projeto(Gilberto Monteiro ‘assaltava’ o restaurante de madrugada para comer o delicioso cuscuz de tapioca com coco(manjar dos deuses) e o pessoal assimilava e ria) .
Faz parte de nossos currículos e  histórias, já há quase de 20 anos esse projeto.Foi um divisor de águas para todos nós.
Quero narrar mais um fato que  corrobora estas afirmações. Você que me lê tem noção do que estou afirmando e da distância  que fica Salvador daqui¿
Pois é.
Cheguei em Salvador, com os artistas e tive um quarto destinado para mim e, ao literalmente me jogar na deliciosa cama  grande do hotel, , exausta, depois de acomodar todos os outros artistas. Liguei a rádio Cultura de Salvador, que era a rádio FM do hotel, e o que estava tocando¿¿¿ o quê¿¿¿
Banda ‘Barato pra Cachorro’, de Porto Alegre, cantando Noel Rosa. Comecei a chorar ao ouvir a voz da saudosa  e grande cantora Adriana Marques e a banda, cantando em pleno Salvador.
Então, a Bahia dá certo porque investe e respira cultura e música local e valoriza talentos brasileiros também, tive a certeza.
Embora o vanerão, ritmo gaúcho, nunca tenha estado tão em alta, em toda nossa história, vide Teló, as moças do sertanejo, Mendonças e Maiaras e todas as duplas, que hoje faturam em cima do ritmo,  qual é a força e incentivo que o governo imprime para isso fazer a gente ser o que é geograficamente mas não é culturalmente, o ‘coração cultural do Brasil e do Mercosul e um dos mercados mais fortes de música do Brasil(o 4º, pois antes vem Rio, SP e Minas)¿ Pouco ou nada.
O Nordestino, o baiano, com pouco ou nada  fazem todo esse mercado se movimentar e ser autosuficiente de sua cultura musical e turística exportando isso para o mundo, inteligentemente.
E nós, com tudo que temos, embora estejamos na moda, com nosso ritmo vanerão, nacionalmente estourado, estamos ‘dormindo’ literalmente, pois a música gaúcha, como produto, nunca esteve tão em baixa.
Jogo um ‘banho de cheiro’ baiano para nos tirar da letargia e acordar, neste carnaval, enquanto é tempo, pois nada é por acaso só. Tem muito investimento, planejamento e trabalho direcionado para acontecer. Esta é a lição que a Bahia nos passou e passa todos os dias.















C

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