quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
O GAÚCHO NÃO PENSA SEM O CHIMARRÃO
O GAÚCHO NÃO PENSA SEM O CHIMARRÃO
Fazendo e preparando o meu místico mate, entre duas casas, visto que estou de mudança,..
Esta condição geográfica-psicológica-emocional me coloca na posição interessante de estar literalmente com ' um pé lá e outro cá'.
Me ocorreu de analisar também algumas posições, sem apegos, referente ao valor do mate, do nosso chimarrão gaudério.
Uma análise 'líquida', parafraseando Baumann, sociólogo desaparecido nessa segunda feira, caudalosa do significado dessa bebida índio-guarani-gaúcha-pampeana, que atravessa fronteiras.
E o mate acompanha, principalmente, e eu falo em causa própria, nos momentos mais felizes e doídos.
Nunca esqueço do velório de meu pai, quando levei minha mateira, os avios e o mate e me sentei do lado do corpo inerte e tomei diversos mates em memória do Seu Nilo, mateador madrugador, que, com minha mãe me ensinou a levantar antes do nascer do sol e sentir o frescor da madrugada, mateando.
Não havia maneira mais eficaz naquele momento de despedida, do que depositar no peito dele, com as mãos, raminhos de alecrim, manjericão, jujos que eu tinha trazido da minha Santa Rosa e agora serviam para perfumar os caminhos que ele ia seguir....
Bebi meu pai com chimarrão.
Todas as fotos da minha vida, lá está a cuia e o mate: destaco a viagem a Paris, e eu sentada na frente da Monalisa, no Louvre, mateando. Todas as viagens que fiz com Pimenta, enfim, aprendi a fazer o mate com o carro andando, na mão, com o Pimentel e a tomar mate viajando sem derramar nada: mais uma habilidade acrescentada na carpintaria 'chimarrística'.
Uma música linda do Vaine Darde, 'Mateando con los hermanos' , do cd homônimo, no prelo, é uma das minhas preferidas, e, musicada pelo Pimentel é uma das canções que tem a minha cara. E lá está de novo o mate:unindo povos, atravessando fronteiras.
Faço uma homenagem a outros adeptos desse hábito: Valdir Ribeiro, grande comunicador do programa 'América Canta Dominical', um dos maiores divulgadores dos hábitos, tradições e música gaúchos. Amigo de muitos mates e muitas andanças.
Omar Franco: irmão mais novo, poeta, cheff gaudério e assador de mão cheia e, tomador de mate dos bons. E penso também em Glênio Fagundes, mestre da música e do culto ás tradições e seu livro ' O poder oculto do chimarrão', que nos explica algumas dessas particularidades mágicas da bebida mais tomada nos pampas sulinos do América índia e morena, negra e branca, mulata e misturada, miscigenada em idiomas e cultura que se permeia pela paz e pela fraternidade, que o chimarrão espelha tão bem.
Tomado sozinho ou acompanhado ganha um caráter de alento, mata a saudade, nutre, tira o sono e é um alimento que tem minerais e anti-oxidantes. Olha só!
O gaúcho não pensa sem o chimarrão, ou seja, o gaúcho nada faz sem o mate.É isto!
Aceita um amargo tchê?
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